Com a impressão a sequência iniciada com o premir o botão do disparador se completa. Seja uma cianotipia ou uma impressão feita com jato de tinta, o que importa é unir o objeto e sua história.
Fantasmas?… Existem!
A maioria de nós já viveu essa experiência. Encontrar um punhado de fotografias esquecidas no fundo de uma gaveta qualquer na casa da avó.
Se tiver sorte, algumas estarão rabiscadas no verso com alguma indicação de quem é a pessoa retratada ou o local onde foi feita, mas na maioria das vezes, você vai ter que contar com o que resta de memória dos mais velhos da família para obter alguma informação. Se ninguém souber mais quem é aquela garota de laçarote nos cabelos, sorrindo nas escadas do coreto em uma praça qualquer, você nunca saberá que o nome dela era Amália, prima de seu avô, de Piracicaba, que morreu aos dezoito anos vítima de febre tifóide, bem antes de seus avós se conhecerem. Pobre Amália… Fantasma preso no papel, assombrando um parente distante. Só descansará quando em alguma faxina alguém resolver rasgar e jogar fora aquele “monte de fotos velhas do vô”.
A cada geração que passa, nós, os vivos, produzimos milhões de fantasmas. E agora, digitalmente, vamos chegar aos bilhões.
Facilidade em guardar uma montanha de arquivos digitais cria uma infinidade de imagens sem qualquer informação do que foi registrado, de quem aparece, ou qualquer outra informação que permita projetar aquele registro no futuro. Contar com a própria memória não funciona, já que ninguém pode garantir que o Doutor Alois não venha nos visitar.
Alguns mais precavidos fazem alguma anotação no próprio arquivo digital, mas isso é somente para aqueles com disciplina suficiente para guardar só o que vale a pena ser guardado e dispensar todas as outras imagens mal executadas e as mais-ou-menos. E ainda assim corre-se o risco de arquivos corrompidos e todas as outras catástrofes que acontecem com os computadores, inclusive e principalmente a obsolescência do equipamento.
Assim como uma boa impressão, mesmo que seja 10×15, garante o objeto-fotografia (o arquivo no HD não é objeto, é só seu potencial). Uma anotação no verso da foto garante que o registro feito seja completo. Imagem, mais memória, garantem a sua história de sua família e do seu tempo, além de ajudar a não criar outras “Amálias”.
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