Muita gente, inclusive eu, fala sobre a fotografia alternativa como uma forma de preservação de conhecimento, ou de reflexão sobre a evolução da fotografia ou instrumento para exprimir alguma criatividade. Tem também a turma apaixonada somente pelo(s) processo(s) em si e pela química envolvida. A fotografia alternativa traz cada uma dessas facetas juntas em uma só coisa que não se tem como se dividir, sem que se perca o essencial que é fazer fotografia. Mas existe mais um componente nessa equação que não é exclusivo da fotografia feita de qualquer forma não convencional: O tempo.
Quem quiser estudar, pesquisar e, no fim de tudo, fazer fotografia alternativa, ou, para todos os efeitos, qualquer atividade que exija atenção e qualidade, tem que passar a encarar o tempo de outra maneira. Tem que saber que os segundos não tem qualquer importância se o trabalho exige minutos, muitos minutos. E ainda assim, esses muitos minutos podem acabar por se transformar em horas ou até mesmo dias.

Negativos de papel “encerado”. Depois de uma segunda aplicação de óleo mineral , mais três dias até poder usá-los sem manchar o papel.
Por favor, não pensem que defendo um retorno à charrete ou ao código Morse. Os negativos que uso para fazer minhas impressões começam em um arquivo digital e são cuspidos em poucos segundos por uma impressora, porém é neste ponto em que a rapidez dos segundos deixa de fazer sentido e o tempo passa a fluir em outro ritmo. Não se desespere pensando estar perdendo tempo enquanto espera um papel secar e nem por ter que lavar uma impressão por meia hora. Baixe o giro. Finja que é surdo quando ouvir aquela porra de assobio que exige resposta imediata, ou, pelo menos pense um pouco na resposta antes de soltar a cavalaria dos dedos. Aproveite esse tempo para ficar um pouco fora da correria. Além de ainda não pagar imposto, talvez você até consiga (vi)ver a vida com outros olhos.
2 comentários
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20/12/2016 às 11:36
OLIVER csb75
Eu avisei…
Asno é a mãe, corretor burro!!!
É AAAANNNNOOOO…ANO que se aproxima.
O asno trabalhou há dois mil anos, mais ou menos.
20/12/2016 às 11:32
OLIVER csb75
Avancei com a 7a. por aqui…
Não, minha sétima não ataca índios.
Eventualmente faz mal às línguas que os dedos gordos lançam no papel, ainda que digital ou nebuloso, o que é mais frequente quando recebe o apoio logístico do (in)corretor ortográfico.
Minha cavalaria rústica vem dar apoio a seu pedido de paz e serenidade.
Ou, como nosso velho mestre ensinou, a ajudar a lembrar quão essenciais são as coisas “sem importância” que nos fazem “perder tempo” por serem “improdutivas”.
Que a luz e a Luz estejam presentes, sempre, e é que as possamos (vi)ver nestes dias e em todo o asno que se aproxima.
Grande abraço.